SMOR Rafael Lopes (texto) - 2º Cabo CAR/ESC Paulo Madureira (fotos)
Em 28 de julho de 1995, foi efetuado um reconhecimento à Área de Missão, constituído pelo Comandante (Maj Inf Manuel Caroço Prelhaz), 2º Comandante (Cap AdMil, José Manuel A. R. Gonçalves), Oficial de Ligação (Ten Cav José Luís Simões) e Sargento de Reabastecimentos (1Sarg AdMil José Carlos C. Ferreira).
Após receber ordem de embarque, durante os dias 13 e 14 de agosto de 1995 foi efetuado o carregamento do armamento, equipamento contentorizado, viaturas e atrelados a bordo do navio “Mount Cameron”, fretado pela ONU à empresa “NDS – Nile Dutch Africa Line”.
O navio saiu do porto de Lisboa na manhã de 16 de agosto de 1995 partindo em direção ao porto de Lobito – Angola, sem escalas, chegando a 30 de agosto de 1995. A acompanhar o deslocamento do material embarcaram 6 militares: 1Sarg Inf José Carlos Rafael Lopes, 1Sarg Mat José Manuel R. Gomes da Costa, CbAdj QP Op.Eq.Pes.Eng. Alberto Tavares de Oliveira, CbAdj QP Cmd Francisco Tomaz Ricardo, 1Cb Mec.Elet.Auto Diamantino Ferreira Braz e o Sold MVA/CAR João Filipe da Silva.
No dia 25 de agosto de 1995, o restante efetivo da CLog6, constituído por 104 militares embarcou no Aeroporto de Lisboa, tendo-se deslocado para o Campo de Trânsito de Lobito (em trânsito por Luanda).
O total de militares que constituíam a CLog6 aquando da sua projeção era de 110 militares (12 Oficiais, 22 Sargentos onde se incluíam 3 em Regime de Contrato, 16 Praças do Quadro Permanente e 60 Praças em Regime de Contrato.
Uma vez chegados a Área de Missão, procedeu-se à “transferência de autoridade” dos comandos nacionais para o Comandante da Força (Force Commander), de acordo com os planos.
Até o Comando da UNAVEM III ter decidido a área de missão da Companhia, os militares ficaram instalados no campo de trânsito do Lobito durante cerca de duas semanas, utilizando algum material e instalações cedidas pela ONU tal como: cozinha, tendas e banhos.
A Companhia ainda sem estar dentro da sua área de missão, que veio a ser Huambo, foi solicitada a executar uma primeira coluna de Lobito - Vila Nova - Lobito e a partir daí começou a executar as missões que lhe eram solicitadas no âmbito da sua missão.
Após definição de que a CLog6 iria ficar sediada no Huambo com um destacamento localizado no Lobito, a partir da 2ª quinzena de setembro de 1995, o pessoal e material foi deslocado em coluna para a cidade do Huambo, ficando os militares colocados temporariamente no interior das instalações do Batalhão de Infantaria Motorizado “Olho Negro” do Exército do Uruguai, iniciando a sua missão e simultaneamente edificando o seu aquartelamento, o qual foi feito de raiz.
«A deslocação foi-se fazendo por levas sempre por terra, por exemplo, os contentores foram carregados em articulados civis a cair de podres e como essas viaturas não passavam na estrada Lobito-Alto Hama-Huambo porque em 1995 as pontes estavam partidas e viaturas com galera não passavam pelas picadas de desvio alternativas, essa coluna com contentores veio do Huambo por sul Lobito - Benguela - Cubal - Caconda - Caála - Huambo, demoraram dois dias e vieram escoltados com viaturas Condor do Batalhão do Uruguai. Neste movimento os M/816 e M/818 traziam nas galeras os empilhadores, menos o de 25Ton o de 8Ton e 1 de 5Ton que ficaram no Lobito.
O resto das viaturas UMM, Unimog 1200, Unimog 1750, MB da água vieram pela estrada Lobito - Alto Hama - Huambo, esta estrada só no final de 1996 é que ficou transitável a viaturas com galera com a montagem de uma ponte metálica.»
Tenente Ferrinho da Fonseca
Huambo - Lobito - Porto Amboim - Luanda - N'Dalatando - Lucala - Cacuso - Malange - Cataia - Caculama - Xandel - Xa-Muteba - Muchinda - Cuango - Luzamba - Xinge - Cacolo - Saurimo - Camundambala - Xa-Cassau - Luo - (Lucapa)
Algures por Angola andou "PORLOGCOY CONVOY - SAURIMO" mais propriamente pelo Leste, como outrora chamavam esta região, agora conhecida como Lundas Norte e Sul.
Cabo-Adjunto MVA/CAR Carlos Monteiro
No ano de 1997, o 1ºSargento Rodrigues, eu Cabo Adjunto Monteiro, o 1ºCabo Cordeiro e o 1ºCabo Carvalho, juntamente com um representante das Nações Unidas mais alguns condutores civis angolanos ao serviço das Nações Unidas, partimos com a missão de fazer o levantamento de Área de Chicuma, pensando nós que era só carregar e tudo estaria feito. Puro engano!
Chegámos pela noite e dormimos. Quando acordamos pela manhã cedo, estava tudo em alvoroço pois o responsável pela Área tinha dito aos homens da UNITA que tudo era para eles quando nós tínhamos outra informação. Tentamos negociar pois o Chefe da Área tinha fugido de manhã cedo, de avião para Luanda, deixando-nos entregues à nossa sorte juntamente com alguns romenos de Infantaria que todos os esforços fizeram para salvar o material.
Chegando à conclusão que não dávamos conta da situação, comunicamos com a base e o Comandante Militar da Zona veio de helicóptero para restabelecer a ordem, mas de nada valeu o esforço.
Mais uma noite ali ficamos, juntamente com os civis tentando defender-nos e proteger a comida que estava a acabar, pois a missão seria apenas um dia e acabou por durar três.
Pouco se conseguiu salvar pois tudo o que puderam foi levado.
Esta missão teve um final feliz e pudemos regressar a Viana sem problemas.
Ficam as fotos que mostram o que por lá passamos.
Como reconhecimento da qualidade do trabalho desenvolvido pelos militares da CLog 6, o TCor Bacon (DCISS/CLOG), responsável militar pela logística da UNAVEM III, do Exército Britânico, formulou o pedido para a companhia executar três colunas com viaturas pertencentes à UNHCR, de Pretória (África do Sul) para Viana (Luanda).
Nesta missão serão percorridos cerca de 4000 Km em 9 dias de condução ininterrupta e transportadas cerca de 100 ton. de material com destino às diversas áreas de acantonamento.
O Jornal do Exército publica, na sua edição nº 438/439 - junho/julho de 1996, o relato pormenorizado, escrito pelo comandante da coluna, na altura, Capitão Nuno Farinha, sobre esta primeira viagem desde a cidade sul-africana de Pretória até Luanda/Viana.
Encontra o artigo do Jornal do Exército neste site, em Publicações.
No seu livro “ANGOLA - O REGRESSO DO FIM DO MUNDO”, maio/2016, da Editora Planeta, o jornalista e repórter António Mateus que acompanhou a coluna, dedica um capítulo inteiro a esta viagem que ele próprio denomina “a epopeia da CLOG6”.
Fotos do Cabo-Adjunto MVA/CAR Carlos Monteiro
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